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Aves nascidas no Refúgio Biológico da Itaipu são soltas em santuário argentino

Atualizado: 28 de out.

Foram reintroduzidos na natureza 15 mutuns-de-penacho doados pela Itaipu, em março deste ano


Fotos soltura na Argentina. Crédito: Tomás Navajas / Rewilding Argentina

Quinze aves da espécie mutum-de-penacho (Crax fasciolata) nascidas e criadas no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), foram soltas no Gran Parque Iberá, uma reserva florestal de 750 mil hectares em Corrientes, Argentina. As aves foram doadas, em março deste ano, à Fundação Rewilding Argentina, responsável pelo manejo do parque. A soltura marca o fechamento de um ciclo: reprodução, cuidado e reintrodução de espécies em risco de extinção na natureza.


Pela parceria, Itaipu fornece exemplares nascidos no Programa de Reprodução de Espécies e, em troca, se apropria da experiência de 20 anos da Rewilding Argentina em reintrodução dessas espécies na natureza. O objetivo é que, em breve, a soltura dos animais seja feita em áreas no próprio Brasil. Em 2019, o RBV já havia doado animais ao Rewilding. No total, foram enviados 29 mutuns-de-penacho, três antas (Tapirus terrestris) e três jaguatiricas (Leopardus pardalis).



“Estamos contribuindo para a conservação da espécie. É importante lembrar que para a fauna não existe fronteira, não existe divisas. Então, quando contribuímos numa área da Argentina, estamos contribuindo para uma espécie brasileira da mesma forma”, considerou o médico-veterinário Pedro Telles, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, que acompanhou os envios dos animais ao país vizinho.


Segundo ele, até as décadas de 30 e 40, os mutuns eram abundantes na Argentina, quando passaram a sofrer com a caça e o avanço da agropecuária, fazendo que a espécie fosse extinta na região de Iberá. Com a iniciativa da Rewilding, várias espécies foram escolhidas para repovoar a região, como cateto, veado-campeiro, tamanduá, onça-pintada, jaguatiricas e os mutuns-de-penacho.


“Eles têm estrutura e planejamento para fazer essas reintroduções. Nós estávamos reproduzindo esses animais, mantendo em criadores, na espera de uma oportunidade para devolver parte desses animais à natureza. A oportunidade foi essa: unir a nossa experiência em reprodução com a experiência deles em reintrodução”, afirmou Telles.

Em 20 anos, a fundação reintroduziu mais de 20 espécies como onça-pintada, veado-campeiro, ariranha, tamanduá-bandeira, mutum-de-penacho, entre outras. O Gran Parque Iberá é um conjunto de paisagens úmidas, como pântanos, lagos, lamaçais e cursos d’água, constituindo a segunda maior área do gênero no mundo (a primeira é o Pantanal).





Do eclodir de um ovo no cativeiro até a soltura da ave adulta na natureza há um amplo trabalho de cuidado técnico e, principalmente, burocrático a ser cumprido. Para enviar as aves para a Argentina, foi preciso respeitar o que é regulamentado pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas de Extinção (Cites) que, no Brasil, tem o Ibama como ponto focal.


Após o trâmite burocrático, os mutuns passaram por uma série de exames contra influenza, chlamydiose e doença de Newcastle (DNC); foram vermifugados e receberam antiparasitas e remédios contra pulga, carrapato e piolho. Antes da viagem, ainda no RBV, eles passaram por uma quarentena de 30 dias. E, já no Iberá, mais uma quarentena para garantir que elas não tivessem qualquer doença antes de serem levadas ao campo.


Depois deste período, as aves foram colocadas em um recinto de 200 m² de área com 20 metros de altura, no interior do parque, para se aclimatarem à região onde seriam soltas. Foram colocadas coleiras de monitoramento em cada ave e elas foram levadas em caixas de madeira até o seu novo lar. Finalmente, elas puderam caminhar livremente na natureza.


Entrevista com o médico-veterinário Pedro Telles, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, que acompanhou os envios dos animais ao país vizinho.

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Com assessoria

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